3.1.04

Uma das visões...
Eram 4 da madrugada e mais uma vez chegava a casa desmoralizado. A minha procura tinha sido em vão. Já não acreditava em nada, e nesta altura as mulheres eram todas iguais. Todas iguais, iguais em tudo mesmo, até no cheiro, ainda que usassem perfumes diferentes, todas elas me cheiravam à mesma materia putrefacta, infestada de vermes, preparada para a decomposição. As mulheres tinham morrido e não sabiam. Eram todas cada vez mais iguais a elas próprias, perdidas, completamente desorientadas, sem saber o que fazer, imitando-se sucessivamente. Tinha chegado à conclusão que já não haviam mulheres, o que havia era sim uns animais que por elas se tentavam passar, e que surgiam durante a noite em grande numero, tentando atacar pobres ( de espirito) e indefesos homens. Estes animais eram uma reles imitação do que outrora foi a mulher, esse animal sedutor, que tinha sido banido da terra, ou que se tinha refugiado onde ninguem as poderia encontrar. O mundo era assim uma esfera pequena demais para estas duas especies, e onde estava uma, nunca poderia estar a outra, mas como esta imitação reles estavam em todo o lado, a pobre e infeliz mulher não tinha o seu lugar em sitio algum. Quando olhava à minha volta, agora que estava sozinho via que o mundo era cada vez mais e mais dominado pelas bestas, bestas amorais, desprovidas de inteligencia, afinal animaizinhos sociais que por acaso se conseguiam entender atravez de guinchos , grunhidos e outros sons guturais que nem ao pai da especie lembrava. Fodam-se pensava eu, não poderia ser o único, não poderia ser o ultimo, tenham que haver mais como eu. A especie não poderia acabar, mas estava cansado de procurar. Tinha esgotado todas as energias, e quando pensava estar perto era novamente uma ilusão. Era tudo perfeito, sim, tudo perfeito, uma perfeita ilusão. Um mundo a fingir, o mundo destas bestas que festejava um carnaval constante, mascarando-se sabe-se lá do quê, nem de quem. Era este o mundo em que vivia, e agora sabia-o.
Este era o meu mundo, o meu lindo mundo, onde tudo era belo, como o é o natal, era este o mundo, o mundo dos idiotas.

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